As ocorrências de eventos extremos de precipitação na Ilha da Madeira sugerem que a excepcionalidade
desses eventos, quando exclusivamente considerada per se, possa não explicar a gravidade das consequências
de alguns dos mesmos. Com efeito, admite-se que precipitações intensas com magnitudes próximas possam
ter consequências distintas (inclusivamente, gerando ou não aluviões), presumivelmente em função das
precipitações que as antecederam. Com o objectivo de averiguar a possibilidade de estabelecer critérios de
dimensionamento que reconheçam situações de risco, descreve‑se a abordagem desenvolvida para classificar
eventos extraordinários de precipitação a qual faz intervir precipitações superiores a limiares de
excepcionalidade pré‑definidos acumuladas em diferentes períodos sub-diários, ao longo de uma janela
temporal à qual, nas aplicações efectuadas, se atribuiu a duração fixa de 4 dias. Para o efeito, recorreu-se à
metodologia associada às cadeias de Markov, no pressuposto de as ocorrências de dias secos ou chuvosos
serem condicionalmente dependentes da sequência antecedente daqueles dias. A abordagem foi aplicada à
classificação de precipitações associadas a aluviões históricas na região do Funchal.