A minha análise centra-se nas relações entre Memória e História procurando apresentar
uma construção teórica que saliente a importância da sua complementaridade
e reconheça, e valorize, o papel do sujeito na narrativa histórica. Parto de contributos
teóricos significativos sobre as interrelações entre a memória individual, a memória
colectiva e a memória social – percebida como prática do discurso, para sublinhar a
plasticidade das memórias individuais e, num segundo momento, debruço-me sobre
as relações entre Memória, História e Historiografia. Compaginando a concepção de
cultura geertziana e o papel da ideologia, como portadora de contradições e temas
opostos – matéria-prima para uso pelos sujeitos na retórica de argumentação, destaco
a atenção a conceder aos discursos dos actores e aos recursos de argumentação que
mobilizam. Com este suporte teórico concluo o excurso com uma síntese metodológica
e a apresentação das principais conclusões que o estudo da Escola do Magistério
Primário de Coimbra (1942-1989) me suscitou. O enfoque colocado nos discursos
dos actores – professores, professoras, alunos e alunas – percebidos como acção, confrontando
a análise dos produzidos na imprensa escolar com estoutros elaborados em
situação de entrevista