O trabalho procura analisar o espaço e a paisagem no último livro de poemas de Manuel
Alegre, Doze Naus, em especial os espaços e paisagens greco-romanos. São muitas as composições
que têm um espaço ou paisagem subjacente. Sobretudo nota-se grande insatisfação e uma busca
constante de um lugar, da Ítaca ideal que nunca é o sítio em que se está ou chega. Relembro, a
título de exemplo, o poema “Mar absoluto” em que as naus de Ulisses partem, «navios a sair do
cais / para outro espaço outro crepúsculo outra aurora». E todas falham, com excepção de uma
que chega ao seu destino, entra pela poesia dentro e o poeta é esse navegar, é «o que procura
mesmo se ninguém responde», é «o que pergunta pelo mar». Outro exemplo elucidativo é o
poema “A curva”, que é o ponto ou sítio onde «alguém tem de aparecer», porque a «vida toda» é
«sonho a esperar sempre / naquela curva não importa quem».