The emergence and rise of the new government policy-makers of the
French monarchy from the fourteenth century was not accompanied by the establishment
of clear, public and consistent archival procedures. The bulk of the documentary production,
letters, memories, and composite documentary dossiers did not receive the archival
attention that surrounded the acts recorded in traditional judicial, administrative or accounting
procedures. Until the seventeenth century, these papers remained in the hands of their
owners and their heirs. The patrimonialization of these archives could serve governmental
actions when the responsibilities remained within the same family. This especially attracted
seventeenth-century collectors, seduced by their informational power or their heavy historical
load. Their partial recovery by the monarchy was not the result of a thoughtful plan, but
Louis XIV seized the slightest opportunity to bring into the state secret archives that should
not have come out.
O surgimento e a ascensão de novos responsáveis pelas políticas governamentais
da monarquia francesa a partir do século XIV não se fez acompanhar pelo estabelecimento
de procedimentos arquivísticos claros, públicos e regulares. A maior parte
dos documentos produzidos, cartas, memórias, ou dossiers documentais compósitos, não
recebeu a atenção arquivística que rodeava os actos inscritos nos tradicionais processos
judiciais, administrativos ou contabilísticos. Estes documentos permaneceram até ao século
XVII nas mãos dos seus titulares e dos respectivos herdeiros. A patrimonialização destes
arquivos poderia servir a ação governamental quando as funções exercidas permaneciam
dentro da mesma família. Essa patrimonialização atraiu especialmente os colecionadores
do século XVII, seduzidos pelo seu poder informacional ou pela sua forte carga histórica.
A sua recuperação parcial pela monarquia não resultou de um plano refletido, mas Luís
XIV aproveitou todas as oportunidades à sua disposição para trazer de volta ao segredo de
Estado os arquivos que nunca de lá deveriam ter saído.
L’apparition et la montée en puissance des nouveaux responsables de la
politique gouvernementale de la monarchie française à partir du XIVe siècle ne s’est pas
accompagné par la mise en place de procédures d’archivage claires, publiques et régulières.
L’essentiel des documents produits, lettres missives, mémoires, dossiers documentaires
composites, n’a pas reçu l’attention archivistique qui entourait les actes inscrits dans
des procédures judiciaires, administratives ou comptables traditionnelles. Ces papiers
sont demeurés jusqu’au XVIIe siècle entre les mains de leurs titulaires et des héritiers de
ceux-ci. La patrimonialisation de ces archives a pu servir l’action gouvernementale lorsque
les charges restaient au sein d’une même famille. Elle a surtout attiré les collectionneurs
du XVIIe siècle, séduits par leur puissance informationnelle ou par leur forte charge historique.
Leur récupération partielle par la monarchie n’a pas résulté d’un plan réfléchi, mais
Louis XIV saisit la moindre occasion qui se présenta à lui pour faire rentrer dans le secret
de l’État des archives qui n’auraient pas dû en sortir.