Europeans and Asians face to face: each other we consider ourselves rude and unlearned...
Resumo
The De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam… dialogus, written in Latin by the Portuguese Jesuit Duarte de Sande (1590) and translated into Portuguese by Americo Costa Ramalho, is one of the most
interesting works of travel literature. The vividness of the descriptions and
the variety of anthropological insights are the result of a unique experience of
globalization, an intercontinental travel endeavored in the sixteenth century with
a clear missionary, cultural and political purpose. The protagonists did not hesitate
to point out what they considered to be the main features of European identity,
from both their Japanese viewpoint, and vice-versa, as regards religion, respect
for human life, cultivation of the arts and sciences, respect for justice, law and
administration, loyalty to the king, care for family relationships, splendor of the
cities, houses' amenities ... And yet, with regard to mores and courtesy rules,
the Japanese and the Europeans could not help but realizing a certain amount of
relativity in the opinions from those who never traveled, wherefore “tudo medindo
pela aparência e pelo uso da sua pátria.” Faced with the Asians, Europeans found themselves to be different as to culture and morals, while equal as to human
nature.
O Diálogo De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam…,
escrito em latim pelo jesuíta Duarte de Sande (1590) e traduzido para português
por Américo Costa Ramalho, constitui uma das mais aliciantes obras de literatura
de viagens do século XVI. A vivacidade das descrições que contem e a variedade
das reflexões antropológicas que encerra são o resultado de uma viagem intercontinental
de claros fins missionários, culturais e políticos, que realizou, no século
XVI, uma experiência singular de globalização. Os seus atores não hesitaram em
apontar para a posteridade o que consideravam ser os principais fatores de identidade da Europa frente ao Japão, nomeadamente a religião, o respeito pela vida
humana, o cultivo das artes e das ciências, a Justiça do Direito e da administração,
a lealdade aos reis, a proximidade das relações familiares, o esplendor das cidades,
o conforto das habitações…Porém, em matéria de usos e costumes e de normas
de cortesia, japoneses e europeus não podiam deixar de constatar a relatividade
das opiniões de quem nunca viajou “tudo medindo pela aparência e pelo uso da
sua pátria”. Frente a frente com os povos da Ásia, os europeus descobriram-se
a si próprios, diferentes na sua cultura e nos seus costumes, mas iguais na sua
humanidade.