Be responsible: drink in moderation: a x-enophile reading of book I of Plato’s Laws
Resumo
We propose here a rereading of Book I of Plato’s Laws, focused on how the course of the argument is influenced by the different nationalities of the speakers. We believe this feature is strongly relevant in a dialogue defined by mobility: the main character is a stranger whose name we do not know (what consequences has his foreign origin?) and the action is set outside Athens, the background of all
other works in the corpus. An attentive consideration of the dramatic – and hence philosophical, as Leo Strauss and his disciples, who we follow, stress – implications of
the different nationalities of the characters, one that takes the culture clash between them serioulsy, actually illuminates some problematic junctures in the argument, e.g. the vexed question of the unity of virtue (in particular, the interplay between courage and moderation). This outlook underlines how Platonic philosophy is an embodied philosophy, a point often undervalued.
Procedemos aqui a uma releitura do Livro I das Leis de Platão centrados no peso que tem para o curso do argumento filosófico a diferença de nacionalidades dos
interlocutores. Este pormenor é, acreditamos, sobremaneira relevante, num diálogo sob o signo da mobilidade: não só o personagem principal nos é apresentado como um estrangeiro, simplesmente, cujo nome não é revelado (em que se traduz o ele vir de
longe?), como a acção decorre fora de Atenas, cenário partilhado por todas as demais obras do corpus. Considerar atentamente as implicações dramáticas – e, portanto, filosóficas, como sublinham Leo Strauss e os seus discípulos, que nos inspiram – da proveniência diversa dos personagens, levar a sério o choque de culturas em cena, permite elucidar alguns pontos problemáticos do argumento, nomeadamente no que
diz respeito à questão da unidade da virtude (mais em concreto, à dinâmica entre coragem e moderação), mas não só. Tal abordagem realça ainda a dimensão encarnada
da filosofia platónica, tantas vezes insuficientemente valorizada.