A área do Funchal é ocupada maioritariamente por três bacias hidrográficas, orientadas no sentido norte-sul:
as ribeiras de São João, de Santa Luzia e de João Gomes. As suas características biofísicas, designadamente
área, rede de drenagem e relevo, assim como a disponibilidade de material sólido, concorrem para explicar
o elevado grau de perigosidade natural das cheias (aluviões), desencadeadas por episódios de precipitação
intensa e de curta duração, nalguns casos associados a antecedentes de precipitação continuada. O risco
hidrológico é elevado na medida em que o sector inferior das três bacias hidrográficas coincide com o centro
urbano do Funchal, por onde os seus cursos de água principais correm até ao mar. Nestas bacias a cheia é um
fenómeno complexo, em que, ao escoamento de água se junta uma mistura de detritos variados, desde
partículas muito pequenas, até blocos rochosos de grandes dimensões, daí a designação local de aluvião.
Na tentativa de reduzir a perigosidade natural das ribeiras, em particular depois do evento catastrófico de
20 Fevereiro de 2010 e no âmbito do estudo de avaliação do risco de aluvião, que lhe sucedeu1, foram
propostas medidas estruturais de redução do risco para diferentes troços fluviais. Para controlar o transporte
de material sólido no troço intermédio dos cursos de água principais, a montante das áreas urbanizadas,
propôs-se a implementação de estruturas transversais ao leito das ribeiras de retenção de material sólido,
prevendo-se desta maneira, a redução do transporte de carga de fundo a jusante, bem como a minimização
da ação hidráulica erosiva, resultante da passagem do caudal sólido nos troços urbanos regularizados. Por seu
lado, para o troço terminal das ribeiras do Funchal, as soluções alcançadas foram balizadas pelo objetivo de
fazer aumentar a velocidade do escoamento, de modo a promover o transporte fluvial da carga sólida.