Esta intervenção discute o carácter disponível da História. Em ordem a esse objectivo,
percorrem-se duas linhas de inquérito. Uma primeira, que coloca o problema
em termos de acolhimento, indaga sobre a disponibilidade da historiografia para
forjar novas problemáticas e, designadamente, para o fazer a partir da incorporação
de desafios «carregados» de actualidade. E uma segunda, que coloca o problema em
termos de ancoragem, interroga-se sobre a aparente predisposição da produção historiográfica
para se adequar, preferencialmente, a determinadas instâncias políticas
(as quais encontram, nessa cumplicidade, a condição da sua própria demarcação),
imprimindo à questão da disponibilidade um forte acento contextual. É provável que,
neste ponto, a discussão se veja obrigada a convocar para a problemática a noção de
limite, precisamente o mecanismo com que a demarcação e o contexto trabalham, e,
não por acaso, um mecanismo tópico, também, da própria democracia