Este trabalho1 tem como base teórica a Linguística da enunciação/textual e ancora‑se em instrumentos de análise literária que relevam da construção de imagens identitárias. O seu objetivo foi estudar o papel que os mecanismos de reprodução de discurso no discurso desempenham na textualização da tese que o narrador de Fantasia para dois coronéis e uma piscina, de Mário de Carvalho, enuncia nas primeiras páginas desta obra de 2003: Portugal «fala, fala, desunha‑se a falar» (p. 11), esgota‑se numa vozearia omnipresente e inconsequente.
Numa primeira fase, é feita a descrição enunciativo‑pragmática das formas prototípicas de relato de discurso (discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre), havendo ainda lugar para uma referência sucinta ao discurso direto livre e a formas periféricas. Após a dilucidação dos conceitos operativos essenciais para o estudo das questões identitárias, são analisados a presença, o peso e as características das vozes das personagens mais significativas do romance. Finalmente, é apresentada uma proposta de didatização, tendo como público‑alvo estudantes universitários de Português Língua Estrangeira de nível C1 de proficiência.
A pesquisa permitiu concluir que, neste «cronovelema» (p. 34), se verifica uma homologia entre forma e conteúdo: a explosão de vozes que satura, em discurso direto, um romance estruturalmente estilhaçado ilustra o aturdimento em que se compraz um país verborreico e néscio – e nada preocupado por sê‑lo.
Este trabalho1 tem como base teórica a Linguística da enunciação/textual e ancora‑se em instrumentos de análise literária que relevam da construção de imagens identitárias. O seu objetivo foi estudar o papel que os mecanismos de reprodução de discurso no discurso desempenham na textualização da tese que o narrador de Fantasia para dois coronéis e uma piscina, de Mário de Carvalho, enuncia nas primeiras páginas desta obra de 2003: Portugal «fala, fala, desunha‑se a falar» (p. 11), esgota‑se numa vozearia omnipresente e inconsequente.
Numa primeira fase, é feita a descrição enunciativo‑pragmática das formas prototípicas de relato de discurso (discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre), havendo ainda lugar para uma referência sucinta ao discurso direto livre e a formas periféricas. Após a dilucidação dos conceitos operativos essenciais para o estudo das questões identitárias, são analisados a presença, o peso e as características das vozes das personagens mais significativas do romance. Finalmente, é apresentada uma proposta de didatização, tendo como público‑alvo estudantes universitários de Português Língua Estrangeira de nível C1 de proficiência.
A pesquisa permitiu concluir que, neste «cronovelema» (p. 34), se verifica uma homologia entre forma e conteúdo: a explosão de vozes que satura, em discurso direto, um romance estruturalmente estilhaçado ilustra o aturdimento em que se compraz um país verborreico e néscio – e nada preocupado por sê‑lo.