A Revolução Industrial trouxe profundas modificações nos conceitos de tempo de
trabalho, de tempo livre e nas relações entre o tempo e o espaço. O turismo, actividade
onde o tempo livre é fundamental, surge, assim, como uma consequência e, segundo
alguns autores, mesmo como uma criação da Era Industrial. No entanto, o final do
milénio tem sido caracterizado por profundas mudanças sociais que passam, entre outras,
pelo mundo do trabalho, pelo tempo de lazer em geral e pelo turismo em particular.
Descobrem-se novos percursos, reinventam-se itinerários, exploram-se recursos até
agora quase ignorados. Surgem, assim, novas formas de ocupação do tempo livre onde
o imaginário, o real e o virtual se cruzam com as novas necessidades do comportamento
humano, em que o risco e a aventura estão quase sempre presentes.
Na última década tem vindo a assistir-se a um acréscimo acentuado dos chamados
“Desportos Radicais”. Aqui, quase tudo se cruza. O risco, os novos percursos, o
contacto com a natureza... Isto é, assiste-se a uma cumplicidade entre o natural e o
social consumida essencialmente pelas sociedades urbanas ocidentais.
Pretende-se, com este texto, mostrar como Portugal não ficou alheio a este fenómeno
que, em alguns casos, pode vir a assumir importância significativa no desenvolvimento
local e regional, contribuindo para construir novas e melhores imagens de alguns
«espaços naturais» no território nacional.