O texto apresenta um modelo para o planeamento de explorações
agropecuárias sustentáveis em áreas de Montanha, nomeadamente para as
serras do Marão-Alvão-Padrela e para a serra de Montemuro, áreas de
exploração das raças bovinas autóctones Maronesa e Arouquesa,
respetivamente.
Dado o carácter multidimensional da sustentabilidade, como resultado da
complementaridade e interação entre as dimensões económica, social e
ambiental, o planeamento de explorações agropecuárias sustentáveis é
realizado tendo por base a programação multiobjectivo (método NISE -
NonInferior Set Estimation Method), complementado com a programação de
compromisso. São considerados dois objetivos para a formulação matemática
do modelo. Um objetivo económico – o Valor Acrescentado Bruto (VAB) – a
maximizar, e o segundo objetivo é de âmbito ambiental – os custos
energéticos – a minimizar. São ainda apresentadas variações do modelo
atendendo aos diferentes cenários possíveis de incorporação ou não de
subsídios à atividade corrente da exploração.
O modelo é instanciado com parâmetros obtidos por recolha direta e por
recurso a fontes estatísticas. Apesar do carácter aberto das soluções
encontradas, constata-se que a atividade leite está sempre presente quando
se pretende aumentar o VAB. Também é certo que a atividade carne está
sempre presente quando a tendência for para o menor custo energético.
As atividades bovinas selecionadas induzem à conclusão de que, face aos
recursos disponíveis, as áreas mais agrestes e menos produtivas, como os
baldios, devem ser aproveitadas pelas raças rústicas (Maronesa e Arouquesa),
transformadores naturais dos recursos intrínsecos das zonas de montanha,
resultando numa mais-valia ambiental e também económica. As áreas mais
produtivas, por outro lado, devem ser utilizadas para atividades mais
rendíveis, como a exploração de bovinos leiteiros, cuja venda do vitelo deve
ser realizada à nascença, devido não só ao maior rendimento económico daí
resultante, mas também à ausência de recursos alimentares disponíveis para a
sua criação.
Neste sentido, a implementação em ambiente real das soluções encontradas
passa pelo incentivo à seleção e complementaridade das duas atividades, em
zonas de montanha, para obter a sua sustentabilidade.